Mil trabalhadores perdem emprego em Canápolis (MG) com fim de usina

22/08/2014 10:46

Mais de mil trabalhadores perderam o emprego, em Canápolis, no Triângulo Mineiro, desde o fim da usina Triálcool. De acordo com a prefeitura do município, a indústria era a maior geradora de empregos da região e trouxe centenas de pessoas de outras cidades. O morador do município, Vanderlei Cardoso, era cortador de cana na usina. Ele conta que com o fechamento, passou por necessidades que ele nem gosta de lembrar.

“Ficou difícil. A gente contava muito com a usina. Depois que fechou a usina ficou tanto difícil para mim, como para muita gente. E a gente que tinha que receber dinheiro lá, não recebemos até hoje, mais difícil ficou. Eu passei por uma dificuldade muito feia.”

Com aproximadamente 12 mil habitantes, a cidade teve que contar com menos arrecadação e apresentou outros problemas, como explica o secretário de Agricultura e Desenvolvimento Econômico de Canápolis, Hudson de Sousa.

“Deixou muitos desempregos na nossa cidade e para a prefeitura está sendo muito difícil, porque era arrecado um imposto muito grande dela e agora tem mais de cinco anos que não repassaram nada para o município, e cada dia que passa o município está ficando sucateado trazendo menos repasse do governo e ainda a usina fecha, fica mais difícil ainda para o município.”

O especialista em Biocombustíveis da Universidade de Brasília, Luiz Gentil, explica que o baixo e insuficiente valor pago pelo governo no litro do etanol, pode ser a causa do fechamento dessa e de outras usinas espalhadas pelo país. 

“O etanol produzido pelas usinas é adquirido pela Petrobrás para fazer a mistura dentro da gasolina ou o etanol anidro, que é também combustível. Essa empresa paga o valor que quer, quando que quer. Em função disso, as usinais estão entrando em uma grande fase perigosa de endividamento. Então, o governo não está preocupado em atender o setor primário. Isso é um problema muito sério.”

Segundo a União da Indústria de Cana-de-açúcar, a ÚNICA, em todo o Brasil, 69 usinas foram fechadas entre os anos de 2008 e 2013, e só na região Sudeste, 39 indústrias deixaram de operar no período. Além das oito usinas de Minas Gerais, outras cinco foram fechadas no Rio de Janeiro nos municípios de Campos dos Goytacazes e em São Fidélis. São Paulo foi o estado que registrou o maior número de usinas fechadas. Ao total 26 municípios também tiveram indústrias fechadas. Ainda segundo a ÚNICA, 36 indústrias produtoras de etanol estão em recuperação judicial no país, ou seja, estão operando de forma precária e outras 24 já sinalizaram que vão encerrar as atividades. (Com informações da Rádio 45)

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